há um eco que mora
nas paredes do peito
um som que ninguém ouve
mas que estala por dentro
feito saudade sem nome

é estranho amar tanto
e não caber nos dias
ver o tempo escorrer entre dedos
enquanto os olhos procuram
quem só existe do outro lado da distância

a mulher dorme sozinha
os filhos crescem em silêncio
os cães latem para ausências
e eu…
eu aprendo a amar com os olhos fechados
decorando jeitos, cheiros e risos
como quem coleciona vida no escuro

não fui embora por querer
foi o mundo que me dividiu
entre o que preciso fazer
e o que me faz viver

mas trago todos comigo
nos bolsos da alma
em cada passo que dou
sou feito de partes espalhadas
mas inteiro de amor